A ausência de debates sobre crise climática em Conquista e mais
Informação, opinião e análise sobre os principais acontecimentos da semana em Vitória da Conquista.
Olá, queride assinante! Como vai? Seja bem-vinda(o/e) a mais uma edição da “Nossa Semana”, a newsletter do Conquista Repórter que discute e resume os últimos acontecimentos do noticiário de Vitória da Conquista. Hoje quem escreve é Afonso Ribas e Victória Lôbo. Vamos ao que interessa?
| ESQUENTOU A SEMANA |
Muita chuva e nenhuma discussão sobre emergência climática na terceira maior cidade da Bahia
O chamado “alerta laranja”, emitido pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) quando há previsão de chuvas intensas em determinadas regiões, se tornou expressão recorrente no noticiário conquistense desde o último domingo, 21. A semana que mal tinha começado viria a ser marcada por fortes temporais, acompanhados por vezes de ventanias e relâmpagos. Para muitos moradores da zona rural de Vitória da Conquista que sofrem com a falta d’água e a dependência de carros-pipa em períodos de seca, chuva é sinônimo de alívio e alegria. É a certeza de ter a cisterna cheia de água para consumo por alguns meses e terra molhada para suas plantações.
Porém, para outro número considerável de pessoas, sejam elas do campo ou da periferia da cidade, em vez de alegria e alívio, o clima chuvoso tem trazido medo, preocupações e diversos transtornos. E assim, revela não só o descaso do Poder Público com áreas distantes do centro urbano e elitizado do município, mas também o despreparo dos governos municipal e estadual para lidar com os efeitos da crise climática que se impõem em nosso cotidiano, ainda que os políticos locais e estaduais, além da própria sociedade, prefiram tratar eventos como os registrados nesta semana como fenômenos “naturais” ou simplesmente ignorar sua relação cada vez mais direta com questões urgentes como o aquecimento global.
O ideal seria que a cidade avançasse na criação e implementação de planos robustos de prevenção e contenção de danos causados por temporais, que tendem a ser cada vez mais frequentes e intensos nos próximos anos. Mas não só isso: é preciso também trazer as discussões sobre emergência climática para o centro do debate público, de modo a conscientizar a população de que o que tem acontecido no âmbito local também se conecta com o que vem ocorrendo a nível global. Mas é de se esperar que a prefeita Sheila Lemos e sua cúpula não façam isso, uma vez que integram o grupo político-econômico menos afetado pelas mudanças climáticas.
Afinal, quem mais vivencia as consequências dessa crise ambiental são as populações rurais, periféricas e majoritariamente negras. Como, então, tanta gente ainda pode teimar a dizer que racismo ambiental é “mimimi” quando a realidade de várias comunidades quilombolas, por exemplo, evidencia justamente isso? Foi o que procuramos mostrar no penúltimo episódio da 2ª temporada do Fatos & Vozes, que dialoga bastante com tudo o que falamos até aqui e com o que vem acontecendo nesses últimos dias em Vitória da Conquista, desde alagamentos e degradação de estradas a dificuldades com relação à acessibilidade e mobilidade urbana. Fica então o convite para você ouvir, refletir e compartilhar.
| O QUE MAIS ROLOU |
Indígena é assassinada por fazendeiros durante ocupação no sul da Bahia
Nega Pataxó foi a mulher indígena encontrada morta no último domingo, 21, em Potiraguá, cidade que fica a cerca de 2h30 de Vitória da Conquista. A líder indígena foi assassinada a tiros durante um conflito com fazendeiros que integram o movimento chamado de “Invasão Zero”. Ela participava da ocupação de uma área reivindicada por indígenas Pataxó no município. Seu irmão, que é cacique, e outros indígenas também ficaram feridos e foram socorridos.
Processo seletivo da Lei Paulo Gustavo Bahia é alvo de denúncias
Trabalhadores da cultura denunciam irregularidades na condução dos 26 editais da Lei Paulo Gustavo Bahia, lançados em setembro de 2023. Cerca R$150 milhões foram repassados do governo federal para o fomento às linguagens artísticas e o processo seletivo recebeu mais de nove mil inscrições dos 27 territórios de identidade baianos. As denúncias incluem a falta de transparência sobre os critérios para a atribuição de notas, além da ausência de comunicação com os proponentes dentro dos prazos estabelecidos.
Mais um ato de intolerância religiosa é registrado em Vitória da Conquista
Na última segunda-feira, 22, a Coordenação Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Coopir), vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semdes), recebeu a denúncia de que um indivíduo ainda não identificado desamarrou e retirou os ojás, que são tecidos sagrados, dos troncos de árvores da Praça Tancredo Neves e também da área em frente à Prefeitura. O governo prometeu investigar o ato de intolerância religiosa.
Beco de Vó Dôla é certificado como primeiro quilombo urbano em Conquista
No dia 18 de janeiro, a Comunidade de Vó Dôla recebeu a sua certificação como quilombo urbano da Fundação Cultural Palmares por meio de uma portaria publicada no Diário Oficial da União. A comunidade iniciou o processo para a obtenção do certificado de autorreconhecimento em 2021 e obteve o documento após quase 3 anos.
| PRA FICAR DE OLHO |
Obra da Avenida Perimetral já dura quase 10 anos e segue sem previsão de ser concluída
Foi ainda no governo do ex-prefeito Guilherme Menezes (PT) que a obra da Avenida José Fernandes Pedral Sampaio foi iniciada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – Mobilidade Urbana, mas até hoje não foi entregue para a população. O objetivo principal da via é interligar as três grandes regiões da cidade, construir o terminal de integração do transporte coletivo e requalificar corredores de transporte, grandes problemas do deslocamento urbano conquistense.
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